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Querido Papai Noel...

  • Foto do escritor: Ana Paula Barros
    Ana Paula Barros
  • 21 de nov. de 2015
  • 3 min de leitura

Querido Papai Noel (vou chamá-lo de PN para abreviar, ok?),

A pouco mais de uma mês do Natal, resolvi escrever minha cartinha. Porque, como você sabe, não gosto de fazer as coisas em cima da hora, com correria, e também quero que você tenha tempo hábil para lê-la com calma - e decidir se irá me atender ou não (sim, como todo terráqueo você tem seu livre-arbítrio!).

Pensei que poderíamos fazer uma reforma nesta tradição toda. Aliás, na verdade tenho em mente uma revolução.

Em primeiro lugar, está na hora de revermos esse papo de que a pessoa tem que se comportar o ano todo.

Já nos "comportamos" demais: andamos na linha, engolimos sapos, nos deixamos formatar pelo sistema, abafamos nossa luz interior, nos diminuímos e comparamos o tempo todo, obedecemos às ordens das propagandas (compre, tenha, faça), abaixamos a cabeça para injustiças, somos plateia passivas de atrocidades non-sense, fazemos vista grossa para todas as falcatruas e roubalheiras que nos cercam, e não representamos ameaça alguma aos que estão se banqueteando no poder a nossas custas, porque, no máximo, o que se vê são desabafos por escrito nas redes sociais. E sabemos que nossos principais governantes: a) estão confortáveis em saber que as coisas param por aí, b) não gostam de ler e b) não estão nem um pouco preocupados com interesses que não os deles próprios.

Então, começo a pensar que o fato de "nos comportarmos o ano todo" não nos favorece de forma alguma, e que esta condicional precisa, de fato, mudar.

Outra coisa que me intriga é esse bolsa-comportamento.

Quer dizer então que quando nos mantemos cordeirinhos o ano todo, ganhamos presente?! Isso não denota uma baita chantagem? Isso não é um cala-boca?!?

E também tenho algumas considerações aqui, ainda a respeito dos tais regalos:

De onde sai a verba para estes presentes? Porque não sou ingênua ao ponto de achar que isto tudo vem de graça. No final das contas, sou eu quem paga pelo meu próprio presente, certo?!

E mais um ponto, PN, que eu gostaria de discutir com você:

Será que eu realmente preciso desse presente? Mais um presente?

Ultimamente, quando compro alguma coisa fora do script já me dá aquela preguiça de pensar em como irei conseguir acomodar mais um objeto em casa. Penso nas embalagens que viram lixo imediatamente após a abertura do pacote, o que me leva a refletir sobre os impactos no planeta e a poluição que isso tudo gera.

Antigamente, PN, existia a tal definição de "bem de consumo durável". Mas aí veio o trator do marketing nas mídias e nos atropelou com a ideia de que um carro, por exemplo, só dura 3 anos, e vira abóbora após este prazo. Se tomarmos a mensagem intrínseca ao pé da letra, chegamos à conclusão de que a palavra durável passou a ser sinônimo de, no máximo, 3 anos. E vamos combinar, PN, durável é algo que sobrevive a bem mais que 3 anos. Eu não caio mais nessa. A cada Natal eu não preciso de um carro novo, uma roupa nova, um eletrônico novo, um aparelho de jantar novo.

Então, PN, apenas para recapitularmos: durante esses anos todo eu tenho me presenteado, com meu próprio dinheiro, com algo de que não preciso (talvez esteja até me endividando), por ter sido "uma boa pessoa", que seguiu religiosamente as regras da cegueira gerada pelo consumismo exacerbado e doentio, evitando assim enxergar o que se passa lá fora, ao passo que deixo de olhar para dentro, e descobrir a grandeza da minha essência, que é gratuita, e de fato meu maior presente, e sempre esteve ali. É isso mesmo?!?!

E você, PN, ainda veste a camisa vermelha desta organização, cujos valores estão tão deturpados e cuja missão é tão inescrupulosa?? Tsc, tsc, tsc.

Preciso da sua ajuda, PN, para mostrarmos, juntos, às pessoas que a única coisa nova e necessária para podermos vivenciar verdadeiramente o espírito de Natal é a maneira de ver o que se passa ao nosso redor. Com mais espírito e menos pacotes, papéis, sacolas e embalagens.

E assim, somente assim, um belíssimo novo mundo de oportunidades, imaginariamente embrulhado pra presente, se abrirá, no presente, para cada um de nós.


 
 
 

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